Patalino, uma glória elvense

flamacabeçalho

Nunca convivi com Domingos Carrilho Demétrio, o popular Patalino. Mas semprepatalino 4 admirei, nos campos de jogo, a sua forma elegante e mortífera de alvejar com os pés ou com a cabeça as redes contrárias.

Nasceu pobre, jogou descalço com bolas trapeiras contra outros gaiatos pelas ruas de Elvas e aí foi perseguido por zelosos polícias quando isso era “crime” público… Como aconteceu com quase todos nós, nesses “heróicos” tempos.

A invulgar habilidade que o distinguia levou-o, sucessivamente, ao ingresso em diversos clubes da sua terra e -imagine-se- em 1943-44 chegou até a envergar a camisola do Lanifícios de Portalegre, ao que parece apenas em dois ou três encontros. Depois de algumas vicissitudes, ingressou no Lusitano de Évora, onde se manteve entre 1952 e 1956.

No Campo Estrela, o estádio do Lusitano, muitas vezes o vi rematar com sucesso às patalino 5balizas adversárias, fossem do Sporting ou de Benfica…

Chegou mesmo à internacionalização, embora o final da sua carreira futebolista o conduzisse a alguns clubes pouco sonantes, como o Luso do Barreiro e o Arrentela…

Morreu em 1989 e a sua terra natal que -ao contrário de outras- distingue e honra a memória dos filhos ilustres, atribuiu-lhe um lugar na toponímia local, concedeu o seu nome ao estádio da cidade e aí implantou solenemente um busto, que o perpetua como o mais famoso desportista elvense.

Aliás, já desde 1948 que estava “imortalizado” numa biografia ilustrada da autoria do publicista borbense Joaquim Azinhal Abelho (1911-1979), intitulada Patalino: o astro de “O Elvas” (Elvas, Livraria Cybele, Colecção Bordalo Botto).

patalino 6A revista Flama, sempre atenta aos exemplos positivos do espectáculo ou de desporto, por diversas vezes trouxe Patalino às suas páginas.

Aqui fica a reprodução desses testemunhos sobre aquele que foi um dos mais destacados futebolistas alentejanos de todos os tempos. O primeiro, que é o mais significativo, integra uma reportagem da autoria de João Xara Brasil (17 de Junho de 1949), sendo os outros simples apontamentos de referência, aliás positiva, sobretudo para com o exemplo de digna modéstia que Patalino sempre revelou. São relativos a edições de 23 de Março de 1951 e de 24 de Abril de 1953.

Eis portanto Domingos Carrilho Demétrio, Patalino nos estádios, futebolista de eleição nos tempos dum futebol em que os clubes indígenas alinhavam com muito mais portugueses do que sérvios ou sul-americanos nas suas equipas de honra.

Ainda havia, de facto, honra.

E vergonha.

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